TRANSCRIÇÃO DO VÍDEO "RODA DE CONVERSA - PARTE 3":
Jairo Grisa
E quando vocês organizam uma informação para a imprensa? Claro que vocês não necessariamente vão escrever uma matéria, caberia mais à ASCOM aqui, mas, de certa forma, vocês têm que organizar essa informação para que chegue através do grupo de Whatsapp,
através do e-mail, enfim, e muitas vezes, até aqui para a ASCOM, para que a gente faça uma divulgação regional ou mesmo internamente.
Vocês usam algum tipo de formalização? Usam pensando, quem conhece, o lead jornalístico: quem, onde, como e por quê? De que forma
sai essa informação de vocês? Ou vocês vão largando ali no grupo e o jornalista vai pedindo isso, isso e isso e vocês vão complementando. Porque a gente sabe que tem alguns cartórios eleitorais que mandam até mesmo ofício assinado pelo juiz, que não
tem muito efeito em termos de informação. Com vocês, como é que funciona?
Ricardo de Souza
Tem uma diferença na tua pergunta na questão quando o jornalista vem querer informação e quando quando a gente quer marcar a entrevista. Eu sempre procuro, quando é eu, Justiça Eleitoral, que quero marcar a entrevista, quero repassar, e aí fazer um resumo bem detalhado: do que, quando, onde? Porque daí facilita inclusive, porque quando a gente procura provavelmente a gente vai procurar todos os meios de comunicação. Então, nós estamos falando, por exemplo, de uma cidade maior de 10, 20 e-mails, então se a gente mandar a proposta de pauta com poucas informações, a demanda que vai vir de indagações perguntando: o que, onde, quando, como, por quê? Então, quando a gente já faz completas essas informações, a conversa flui melhor e você também é menos demandado. Talvez seja um pouquinho diferente quando eles vêm atrás, porque eles já fazem perguntas mais específicas. Mas quando a gente quer marcar a entrevista, procuro já mandar completo com todas essas informações.
Adriana Festugatto
Eu acho que até para as coletivas de imprensa que a gente fez, foi muito importante, justamente, esse apoio da ASCOM da gente solicitar para que fosse feito o envio dos convites aos meios de comunicação, a gente envia todos os convites às autoridades que iam se fazer presentes. Então, também utilizar esse braço da ASCOM é um bom apoio.
Jairo Grisa
E nesse sentido, nesse EAD, a gente tem um módulo específico ali de pautas que é justamente uma forma de organizar melhor essas informações.
Ana Patrícia Tancredo Gonçalves
Além de levantar dados para matéria ou reportagem, os jornalistas também costumam solicitar entrevistas, seja com o chefe de cartório, o juiz eleitoral ou o promotor eleitoral também. Como vocês organizam os pedidos? E como preparam quem vai conceder a entrevista?
Marcos Vieira
Sempre tem que ter no cartório as pessoas definidas e esse planejamento. A gente acha que “é só atender a imprensa”... não: a pessoa planeja quem, o horário, de que forma, se a autoridade quer falar ou não, porque alguns não têm segurança. Então a gente tem que deixar tudo. Até as pessoas que estão hoje e que vão nos assistir, tão vindo, começando esse trabalho no cartório, é uma das atividades da eleição, que a gente tem no nosso planejamento, é planejar também como vai ser esse retorno à imprensa e, principalmente, deixar ali quem é que vai falar a cada momento, quem que vai atender ocorrência policial, aonde que vai ficar, que horas que o juiz vai falar, se é após o encerramento, inclusive o que vai ser divulgado e o momento que vai ser divulgado. Porque a gente não pode se antecipar a certas informações que, de repente, o TSE não quer que a gente não passe antecipadamente. Então, tudo isso aí a gente tem que, sim, deixar como uma atividade de eleição, o atendimento à imprensa.
Fabrício dos Santos
Nós, enquanto estamos dando uma entrevista por conta da nossa função, nós estamos representando a Justiça Eleitoral. Então, é importante frisar que não serão dados opiniões pessoais, que não serão tratados alguns assuntos e sempre quando você se mantém à pauta, você consegue, principalmente nas entrevistas ao vivo, você consegue ter mais segurança para falar, você consegue se direcionar melhor ao teu público.
Deana Fanton
Tem duas situações. Quando eu preciso repassar uma informação à população, que eu procuro a imprensa para repassar essa informação, eu faço uma pauta no Word. Digito, principalmente com datas, que a gente precisa para eu ficar mais segura na hora de falar. Então, eu levo essa pauta e antes de começar essa entrevista eu converso com a pessoa que vai me entrevistar, eles gostam que a gente converse, alinhe a conversa, até mesmo para ele saber como ele vai me fazer as pergunta e as vezes até reforçar aquela informação que precisa fixar no eleitor. E depois eles colocam, replicam essa entrevista no site. Então, às vezes acontece de eu encaminhar para ele o meu texto, a minha pauta para auxiliar ele a fazer a matéria escrita também. E quando a pessoa busca, eu também sempre alinho a pauta, o que ele quer saber. Se tem alguma coisa que ele não vai me perguntar ou não está sabendo, porque às vezes o pessoal não tem a noção de tudo o que a gente tá fazendo que é importante para o eleitor. Então, eu introduzo também algumas perguntas para a gente levar a informação da melhor forma possível.
Adriana Festugatto
Eu acho válido, no caso das entrevistas ao vivo, a gente pedir para o repórter passar as perguntas que ele vai fazer para a gente, não precisa ser com tanta antecedência, alguns minutos antes, para justamente evitar a questão da surpresa, aquele friozinho na barriga ou as vezes uma pergunta que ta sendo mal formulada e pode colocar a gente em uma situação que no ao vivo fica mais difícil da gente contornar. Então, eu acho válido ter conhecimento das perguntas que vão tá sendo feitas para gente.
Jairo Grisa
A gente trata isso no EAD, o combinar sim, mas o antecipar, a gente pedir “a antecipa”, isso fere a ética jornalística. Então, tem situações. Tem situação e situação. Por exemplo, o fechamento de cadastro, que a gente passou informação, replicou matéria, enfim. O cara já tá sabendo e a gente sabe que tipo de pergunta vem. Agora pode ter uma questão mais complexa, como algum processo, não em segredo de justiça, mas é alguma coisa que a gente tenha que explicar, não propriamente opinar, que daí a gente pode combinar. A entrevista ela é um acordo e esse acordo ele pode ser bem combinado, ser bem tratado, a pauta ser muito esclarecida, mas não necessariamente as perguntas, exatamente como vão ser formuladas.
Ricardo de Souza
E aí você combinando previamente a pauta, na medida do possível que der pra combinar, você já tá, o servidor já está munido de todas as informações. Então, você consegue levar uma informação mais precisa, com mais qualidade, você saber o tempo da entrevista, também, até para você saber se você se aprofunda mais na informação ou não.
Jairo Grisa
Exatamente isso, Ricardo.Importante combinar antes da entrevista e essa combinação vai depender, claro, daquilo que a gente falou inicialmente nesta nossa roda de conversa, que é o relacionamento. O jornalista está protegido pela ética jornalística nesse sentido de não precisar expor, propriamente, às suas perguntas, os seus questionamentos. A pauta sim. A pauta sempre tem que deixar ela muito clara para saber onde é que ele quer chegar e quais as informações que a gente tem que trazer para que a entrevista seja satisfatória.
Cláudia Andreatta
E o nosso relacionamento com a imprensa também ajuda muito para o juiz e o promotor eleitoral. Porque, normalmente, passa por nós dos cartórios as entrevistas, os horários e a pauta do juiz. Então, quando nós, por exemplo, lá na minha zona eleitoral, quando vamos na rádio, vai eu, o juiz e o promotor, às vezes eu até fico fora, eu digo “não, faz o juiz, o promotor e eu fico fora”. Daí no final das contas acabam me dizendo “entra aqui, porque tem questões técnicas que você sabe melhor”. Então acaba ficando toda a Justiça Eleitoral, o promotor, o juiz e a chefe de cartório, fica toda a Justiça Eleitoral lá respondendo as perguntas dos eleitores.
Marcos Vieira
É ainda que a pauta seja aberta até para questões de perguntas de ouvintes, o próprio jornalista ele já passa em um intervalinho, na hora que ele ta fazendo um breve intervalo, ele já passa “ó o eleitor perguntou isso, vamos questionar essa, essa, essa, essa não é interessante você já falou”, então é feito ali um acordo rápido durante o intervalo das questões que estãos sendo levantadas ao vivo e você pode ter segurança em responder.
Ana Patrícia Tancredo Gonçalves
E tem assuntos que eles querem ouvir do chefe de cartório, que vocês estão mais à disposição, mas em algum momento eles querem uma palavra mais institucional, que daí é o perfil do juiz eleitoral, do promotor. Então isso é normal e é muito bom eles estarem próximos no dia da eleição, justamente para passar essa tranquilidade e mostrar a transparência, o trabalho que é realizado.
Jairo Grisa
Vamos conversar aqui com a Daisy em relação à rádio. Tu falastes que tem uma rádio bem importante lá em Lages que sempre apoia muito vocês. Além dos spots que a ASCOM produz, vocês têm o costume de mandar algum tipo de texto? Ou tu já grava isso antecipadamente? Qual é a prática em relação a rádio para uma informação que tem que ficar mais vezes, então não é necessariamente aquilo que a gente falava antes que seria uma entrevista.
Daisy Dal Farra
Então, Jairo, a gente costuma fazer muito isso de gravar o áudio por Whatsapp mesmo, o radialista pede “o Daisy tu pode mandar um audiozinho de um minuto, dois minutos, sobre tal coisa”, sobre o prazo do cadastro eleitoral, sobre ir fazer o título, sobre o horário de funcionamento. É uma forma de comunicar bastante ágil, que dá um resultado bastante imediato.
Jairo Grisa
E também é possível além desse formato tu fazer um texto, também prévio, para que o locutor, usando da credibilidade que ele tem com a população sendo um radialista conhecido, ele fale pela Justiça Eleitoral de certa forma. Pegando a imagem dele como locutor, ele conhecido, que a população gosta, enfim. Então isso também é bastante válido, às vezes muito mais válido do que a gente aqui produzir alguma coisa mais formal assim como um spot para ficar rodando. Seja um áudio do chefe de cartório, que já conhecido, que a rádio já conhece também, ou do próprio locutor da rádio. Alguém usa essa prática semelhante à da Daisy?
Cláudia Andreatta
Eles pedem um spot rápido e a gente grava e encaminha para eles. A rádio, no meu ponto de vista, é ainda em Santa Catarina, para nós no interior, o melhor meio de comunicação, o mais rápido, o mais eficiente e que abarca boa parte da população.
Jairo Grisa
Uma questão muito importante é a imagem da Justiça Eleitoral e a comunicação através da comunicação a gente, justamente, reforça essa imagem. Claro que a imagem nem sempre é aquilo que a gente pensou como uma identidade. Muitas vezes a gente planeja, planeja, planeja e tenta passar uma determinada informação e isso é recebido de uma forma às vezes diversa do que aquela nossa intenção inicial. De qualquer forma, uma coisa que a gente tem que ter sempre a consciência é que a gente, como servidor da Justiça Eleitoral, a gente não tem só a nossa identidade pessoal, mas uma identidade atrelada à própria Justiça Eleitoral, aquilo que a Justiça Eleitoral expressa como imagem para toda população.
Deana Fanton
Principalmente a gente que mora em cidades pequenas que você é conhecida como a servidora lá do cartório eleitoral. Então, às vezes eu estou em uma loja e dai tu fala que é da Justiça Eleitoral, é igual advogado, sempre tem uma consulta. Então, a gente tá sempre respondendo a dúvidas. Sabe que a gente que trabalha na Justiça Eleitoral está sempre orientando, seja alguma coisa do cadastro eleitoral ou para mesário. E tem aquela questão também do lado pessoal mesmo, então tu tem que ter uma postura, não só na questão de não expor opiniões políticas em redes sociais, mas uma postura pessoal de trato com as pessoas.
Jairo Grisa
Então pra ver que essa consciência é para além da mídia, além da imprensa, além da rede social. São Francisco do Sul também é uma cidade menor, como é que é lá Fabricio?
Fabrício dos Santos
A nossa exposição pessoal é grande, as pessoas nos abordam no chamando pelo nome e elas vinculam a nossa imagem à imagem da Justiça Eleitoral. Então, tudo que nós fazemos no nosso âmbito privado, principalmente nas cidades menores, a nossa zona eleitoral cuida de três cidades: São Francisco do Sul, Araquari e Balneário Barra do Sul, repercute nessas cidades. Então, nós temos que tomar muito cuidado com o que fala, com quem fala e como fala. Não é só a imprensa que te procura a todo momento, os eleitores também. E se nós queremos chegar nos eleitores por meio da mídia, então quando eles veem a nós pessoalmente nós também temos que ter um bom tratamento com eles e entender que é uma oportunidade deles sanear a dúvida.
Cláudia Andreatta
Eles atrelam a credibilidade da Justiça Eleitoral à nossa credibilidade, por isso que a gente deve ter uma boa conduta sempre, não como pessoas, como bons seres humanos que somos, mas também ligado ao nosso trabalho, porque a gente tá sempre prestando serviço e atendendo.
Jairo Grisa
Como é que é isso em cidades um pouco maiores como Brusque ou Chapecó?
Guilherme Benedet
Eu vejo muito bem essa questão de que nós somos a cara da Justiça Eleitoral o tempo inteiro, não só quando estamos no cartório. Então, por isso que é importante como a Daisy falou, a gente ter essa postura neutra, não se manifestar politicamente, evitar de falar sobre, às vezes até de um processo que esteja em andamento, qual a nossa opinião, o que que pode acontecer com aquele processo, porque a gente é questionado sobre isso. A gente tem que sempre procurar manter essa postura neutra, atender sempre todos muito bem.
Adriana Festugatto
Em Chapecó essa questão da pessoalidade ela já não é tão observada, vivenciada. Mas, independente eu acho que todos precisamos não deixar pontas soltas para que, justamente, nosso dever funcional de neutralidade não seja questionado. Então, imparcialidade, neutralidade, evitar cair em discussões, grandes manifestações, apesar de ser respeitado, claro, a nossa liberdade de pensamento, de opinião, mas preferir sair de fora dessas rodas de discussão mesmo.
Jairo Grisa
Pessoal, então muito esclarecedora a nossa conversa, acredito que vai ser bem importante para esse fechamento desse EAD Introdução à comunicação. As vivências de cada um de vocês, as práticas, as excelentes práticas, boas práticas seria pouco para chamar o que foi aqui exposto nessa roda de conversa. Vocês contribuíram e muito para que os colegas se espelhem essas vivências e as práticas cotidianas de cada chefe de cartório aqui presente, aqui na nossa roda de conversa. Muito obrigado!
Ana Patrícia Tancredo Gonçalves
Espero que vocês tenham aproveitado o curso e saibam que a Assessoria de Comunicação, toda a nossa equipe está à disposição para ajudar vocês no que diz respeito à comunicação, atendimento à imprensa, para que a gente possa, juntos, fazer uma boa eleição. E um ótimo trabalho a todos nós!